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Praticando notas de piano

Harmonia Negativa: Explorando o Lado Invertido da Música

Harmonia Negativa: Explorando um Universo de Espelhos Musicais

A harmonia negativa, também chamada de harmonia invertida ou simétrica, é um conceito intrigante e inovador que tem atraído músicos e teóricos pela sua abordagem única à criação musical. Originalmente inspirada pelas ideias do teórico Ernst Levy, essa técnica foi popularizada em tempos modernos por artistas como Jacob Collier, que a utiliza para trazer novas perspectivas a composições, rearmonizações e arranjos.

Neste artigo, exploraremos o que é harmonia negativa, como ela funciona, sua aplicação prática e como você pode utilizá-la para expandir suas possibilidades harmônicas.

O Que é Harmonia Negativa?

A harmonia negativa pode ser descrita como uma inversão simétrica do sistema tonal tradicional. Imagine um espelho no qual cada nota da escala é refletida em torno de um eixo central, criando uma "imagem negativa" dessa nota. Da mesma forma, acordes e progressões harmônicas podem ser invertidos, resultando em harmonias que, ao mesmo tempo, soam familiares e inesperadamente diferentes.

No contexto da harmonia negativa, podemos pensar nos intervalos e funções harmônicas como espelhados. Por exemplo:

  • O intervalo de uma terça maior se torna uma terça menor, e vice-versa.

  • A relação tonal entre os acordes principais (tônica, dominante, subdominante) permanece funcional, mas com uma sensação completamente transformada.

Como Funciona a Harmonia Negativa?

A harmonia negativa é construída com base em três conceitos principais: polaridade, gravidade e simetria.

  1. Polaridade e o Eixo Central:
    O ponto de partida para a harmonia negativa é a escolha de um eixo de simetria. Esse eixo pode variar, mas, frequentemente, utiliza-se o intervalo de uma quarta aumentada (trítono) ou o mi bemol (E♭) como centro de simetria.

    • Por exemplo, se o eixo for o mi bemol (E♭), a nota C (Dó) será refletida como G (Sol), pois esses dois tons estão a mesma distância do eixo.

  2. Espelhamento de Notas:
    Cada nota em uma escala ou acorde é invertida em relação ao eixo, criando a contraparte "negativa" das notas originais.

    • Exemplo em uma escala de Dó maior:

      • C → G, D → F, E → E♭, F → D, G → C, A → B♭, B → A♭.

  3. Inversão de Acordes:
    Os acordes também são invertidos, mantendo sua função harmônica, mas soando completamente diferentes.

    • Um acorde de tônica maior (C maior: C-E-G) se transforma em seu acorde negativo equivalente (C negativo: G-E♭-C).

    • Um acorde de dominante (G maior: G-B-D) se transforma em F menor: F-A♭-C.

Exemplo de Progressão Tradicional vs. Negativa

  • Progressão original: C → G → Am → F

  • Progressão negativa: Gm → F → E♭ → A♭

Por Que Usar a Harmonia Negativa?

A harmonia negativa oferece várias vantagens e possibilidades criativas, tornando-se uma ferramenta poderosa para compositores, arranjadores e improvisadores:

  1. Rearmonizações Criativas:

    • A harmonia negativa pode transformar uma peça existente em algo completamente novo, mantendo a essência emocional da obra, mas com uma sensação harmônica diferente.

    • Exemplo: Reharmonizar um padrão de blues ou jazz com acordes negativos cria uma paleta única e inovadora.

  2. Exploração Harmônica:

    • Compositores podem utilizar a harmonia negativa para sair dos padrões harmônicos convencionais e explorar novas texturas.

    • Isso é especialmente útil em trilhas sonoras, onde atmosferas incomuns e emocionais são frequentemente necessárias.

  3. Perspectiva Revolucionária:

    • A harmonia negativa desafia os conceitos tradicionais de tonalidade e hierarquia das notas, permitindo que músicos pensem "fora da caixa".

  4. Aplicações no Jazz e na Música Contemporânea:

    • No jazz, músicos como Jacob Collier e teóricos como Bill Evans têm usado princípios semelhantes para criar improvisações e arranjos que desafiam os limites da harmonia tradicional.

Passo a Passo: Como Usar a Harmonia Negativa

Aqui está um guia prático para você começar a explorar a harmonia negativa:

1. Escolha um Eixo de Simetria

  • O eixo mais comum é o mi bemol (E♭), mas você pode experimentar outros pontos de simetria, dependendo da tonalidade da música.

2. Inverta as Notas'

  • Pegue as notas da escala base (por exemplo, Dó maior: C-D-E-F-G-A-B) e inverta-as em torno do eixo escolhido.

  • Resultado (com E♭ como eixo): C → G, D → F, E → E♭, F → D, G → C, A → B♭, B → A♭.

3. Inverta os Acordes

  • Pegue os acordes da tonalidade e transforme-os em seus equivalentes negativos.

  • Por exemplo:

    • C maior (C-E-G) → C menor negativo (G-E♭-C).

    • G maior (G-B-D) → F menor negativo (F-A♭-C).

4. Experimente Progressões Harmônicas

  • Pegue uma progressão harmônica tradicional e aplique a harmonia negativa.

  • Exemplo:

    • Original: C → G → Am → F

    • Negativa: Gm → F → E♭ → A♭.

5. Combine Harmonia Tradicional e Negativa

  • Use trechos de harmonia negativa em contraste com a harmonia tradicional para criar tensão e surpresa.

6. Improvise

  • No jazz, utilize as notas da série negativa como base para solos e improvisações. Essa abordagem adiciona um caráter único e inesperado às performances.

Conclusão

A harmonia negativa nos oferece um novo prisma para enxergar e experimentar a música. Ela questiona nossas convenções harmônicas e nos desafia a explorar novas possibilidades criativas. Seja você um compositor clássico, um arranjador de jazz ou um músico experimental, a harmonia negativa pode se tornar uma ferramenta poderosa no seu arsenal musical.

Como disse Jacob Collier, "a harmonia negativa é como abrir uma porta para um universo espelhado" – e é exatamente isso que ela faz: nos convida a explorar as infinitas possibilidades da música através de uma nova lente.

Bibliografia

  1. Levy, Ernst. A Theory of Harmony. SUNY Press, 1985.

  2. Collier, Jacob. Entrevistas e masterclasses (disponíveis no YouTube e redes sociais).

  3. Kostka, Stefan. Materials and Techniques of Twentieth-Century Music. Pearson, 2006.

  4. Piston, Walter. Harmony. W.W. Norton & Company, 1941.

  5. Laitz, Steven G.. The Complete Musician: An Integrated Approach to Tonal Theory, Analysis, and Listening. Oxford University Press, 2012.

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